terça-feira, 20 de setembro de 2016

Solidão

"Sou do tipo de pessoa que sofre calado. Mas não que eu seja orgulhoso ou me faça de forte. Vivo segurando o mundo dos outros, enquanto o meu desaba sem ninguém se preocupar. Escuto os problemas, seco as lágrimas, dou conselhos, faço rir. E retorno para a minha completa solidão, onde a falta de interesse dos outros nos meus sentimentos reina. Já me acostumei a ser assim, é triste admitir, mas não sei ser diferente. E isso dói, dói muito."

domingo, 18 de setembro de 2016

Pedi a Deus...

❝Dizem que pedir por uma pessoa nas suas orações é o jeito mais lindo e sincero que existe de dizer que ama alguém. Eu sempre agradeci pela vida das pessoas que estavam na minha vida e também pela vida das pessoas que eu ainda conheceria, sempre agradeci por tudo que já me aconteceu e por tudo que ainda aconteceria. Sendo assim, eu te amo desde antes de te conhecer, porque agradeço pela tua vida desde antes de você fazer parte da minha. Eu sabia que uma hora Deus ia me presentear com alguém muito bom, mas então resolvi esperar no tempo de Deus e as coisas aconteceram naturalmente. Sem forçar nem nada. Levei muito tombo feio, quebrei a cara várias vezes e o coração então.. nem se fala, ta todo remendado, mas mesmo assim nunca perdi as esperanças de um amor recíproco, sempre confiei no plano de Deus pra mim, não deixei de acreditar na possibilidade de uma hora encontrar uma pessoa boa pra eu amar e pra me amar também. Porque a gente é assim, não é? Meio bobo. Quebra a cara e o coração, diz que não quer mais amar, mas depois cata os caquinhos e volta a sonhar em ter alguém pra dividir a vida, pra fazer planos antes de dormir. Não. Ninguém precisa de ninguém pra ser feliz, mas não tem coisa melhor que ter alguém pra compartilhar a felicidade. Eu pedi a Deus pra me mandar uma pessoa boa, e é por isso que ele me mandou você.❞

domingo, 11 de setembro de 2016

Um dia você vai encontrar alguém

Um dia vocês vai encontrar alguém e ele lhe fará muito feliz. E quando digo feliz eu não me refiro ao sentimento literal da palavra, eu me refiro às atitudes, a presença, ao sentimento mais puro e ao bem-estar. Sabe aquele frio na barriga que você sente quando está com ansiedade? Pois bem, eu me refiro a essa sensação. É como estar em uma montanha-russa descendo a toda velocidade, você sente medo e por mais que queira parar você no fundo está adorando todo aquele “mix” de sentimentos, é disso que estou falando.

Ele vai saber te dizer as palavras corretas nos momentos certos. Vai te acalentar nos momentos precisos e todos esses cuidados serão recíprocos. Parecerá cena de novela, mas você saberá que é real pois haverá dias em que você vai querer mata-lo, muito menos vê-lo em sua frente. Brigas são comuns em todos os relacionamentos, anota aí. Reconciliações serão feitas, haverá beijos sinceros, e o sexo? Nossa, o sexo será muito gostoso. Vai haver gemidos, carinhos, prazer e calor como nos filmes de romance americanos.

Você vai entender que para namorar alguém, antes de qualquer coisa, você precisa se amar por dentro. E vai compreender que ciúmes é bom e bem comum, mas estar seguro de si e consigo mesmo é melhor ainda, e que confiar no seu parceiro é a melhor forma de ter um relacionamento saudável e duradouro.

Haverá viagens, planejamento de um futuro há dois que talvez não se concretize, mas, não vai haver força de vontade para que isso te torne real, e partirá de ambas as partes. E juntos passarão por momentos difíceis e decisivos, mas não tem problema, pois um compreenderá as necessidades do outro e juntos encontrarão um jeito de solucionar qualquer problema, porque amar é se doar, é se soltar ao desconhecido, é querer, mas não esperar nada em troca.

Vai haver choros de saudades, ou até mesmo por uma briguinha boba. Vai ter sufoco, vai ter medo, vai ter paz. Você vai se conhecer e saber seus limites e entender que um caminho a dois não é obrigatório, mas que caminhar lado-a-lado é bom demais e bem mais agradável do que caminhar sozinho. Não que seja errado, pois você também aprenderá que existem várias formas de ser feliz, e que mesmo que não dê certo não vai ter sido por falta de tentativas e sim porque não era para ser, e saberá caminhar sozinho, pois no fundo você é forte e capaz. E é aquele ditado: Você sempre viveu sem ele e continuará vivendo.

Tem dias que a única coisa que você precisa é de um carinho, de um afago, de uma demonstração verdadeira de afeto, e sabe qual é a melhor parte? Você receberá tudo o que precisa sem pedir ou implorar por nada disso. O amor tem dessas coisas, um conhece e sabe o que o outro precisa sem precisar de cobranças. Mas não seja hipócrita, não é todo dia que se está bem, mas você entenderá e vai aprender que para tudo existe sua hora. E ela sempre chega.

Mas é preciso ter paciência e entender que para cada coisa na vida há seu tempo. O amor tudo supera e ninguém veio ao mundo para não amar e ser amado. Assim como tudo na vida passa, há aqueles que ficam guardados conosco dentro do coração, então é preciso ter paciência para não se afobar e deixar a chance escapar. O seu amor está a caminho, ou pode estar ao seu lado esse tempo todo e só você não viu. Para de almejar o distante e atente-se às entrelinhas. O amor tem dessas coisas… Da vida, essa foi a minha maior lição.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Você diz que ama

❝Você diz que ama a chuva, mas você abre o seu guarda-chuva quando chove. Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando ele brilha. Você diz que ama o vento, mas você fecha a janela quando ele sopra. É por isso que eu tenho medo. Você também diz que me ama...❞

                           William Shakespeare

domingo, 4 de setembro de 2016

Cegos

❝Uma vez eu li que explicar o amor pra alguém é como querer explicar as cores para um cego. Eu achava essa comparação tão ridícula, porque azul é azul, vermelho é vermelho, e amor é amor, oras. Não tem o que explicar. Mas eu nunca parei pra entender um cego… Quero dizer, tudo bem que azul é azul, a gente aprendeu que é azul, e não faz sentido ser chamado de outro nome. Mas e pra quem nunca viu, o que seria azul? Foi ai que percebi que eu não sabia nada de amor. Amor não é só amor porque demos um nome de amor, vai muito mais além do nome. Mas de fato não teria sentido se não fosse chamado de amor. Entende a onde eu quero chegar? Eu precisei sentir o amor, entender o amor, pra saber o que era amor… E um cego, bem, eles primeiro entendem o que é o azul pra poder sentir o azul. E olha que coisa louca, eu precisei não ver pra entender. Foi aí que conclui que cegos somos nós que enxergamos e não entendemos. Porém, se for a pessoa mais sortuda do mundo (como eu) e tiver a sorte de esbarrar com alguém como você, jamais voltaremos a ser cegos.❞

Esconder minha sexualidade quando criança me tortura até hoje.

Quando criança, eu era muito cuidadoso com meus livros e cadernos. Usava canetas diferentes para perguntas e respostas e criava símbolos para itens. Minha letra era redonda e bonita. Era um dos meus orgulhos numa vida que ainda havia pouco do que se orgulhar. Até que um dia disseram que minha letra era de menina…

Eu havia sido descoberto.

Entre tantos detalhes tentando fingir ser igual aos outros, eu deixei passar aquele pequeno detalhe: a letra. Passei a enfeiá-la e a ser descuidado com meu caderno.

Essa foi a primeira vez de tantas outras que fui ‘descoberto’ e tentei me cobrir. Uma criança. Uma pobre criança tentando esconder um segredo que ela não havia criado. Um segredo que nasceu semente junto a ela, e aos poucos floresceu.

Uma criança que tentava modificar sua voz, seu jeito, seus gostos. Tentava evitar que aquela flor que nasceu com ela ficasse frondosa e os outros percebessem.

Durante meu processo de autoconhecimento durante síndrome do pânico, essa foi uma das coisas que vieram à tona. O quanto esconder minha sexualidade desde criança agravou minha ansiedade.

Vim de uma família religiosa, então era comum em sermões da igreja ouvir reprimendas quanto a ser homossexual. Pequeno ainda não compreendia o termo relacionado à sexualidade, mas percebia que era vítima de piadas quando ‘desmunhecava’, ou queria fazer ‘coisas de menina’.

Eu me sentia tão diferente dos meninos de minha escola. Fazer educação física com eles, ou ter que participar de atividades ‘de meninos’ era desgastante. Tentar jogar futebol me embrulhava o estômago e tantas vezes tive que criar doenças para faltar a esses eventos.

Minha mãe me recriminou por brincar de boneca e casinha com minha irmã. Mas eu não sentia a mínima vontade de brincar com meu irmão e seus robôs, ou ver com eles animes japoneses violentos, ou filme de ação com meu pai.

Durante esse processo em que eu não podia fazer o que gostava e nem me interessava fazer o que eles queriam, eu fui me fechando. Tornei-me um menino introvertido e amedrontado. Que calava o que sentia. Que escondia quem era. Sem pertencer a um mundo.

Fugi.

Eu lia, lia muito. Lia mil livros. Criava mil histórias. E estudava.

Na minha primeira sessão pós ataque de pânico o analista perguntou-me: do que afinal eu fugi? Por que eu me martirizava tanto para estudar e ser melhor do que todos?

Antes eu pensava que eu estudei tanto para ser rico. No momento em que tive dinheiro percebi que não. Não comprei carro, apartamento. Nada disso me interessa ou enche meus olhos. Não sou nem um pouco materialista.

Mesmo assim aquela ansiedade infantil ainda me matava. Aquela vontade de fugir. Então enxerguei o quanto eu fui torturado. Eu tive que estudar para um dia fugir daquela minha cidade de 20 mil habitantes. Eu tinha que fugir para um dia poder ser quem eu era.

Eu consegui meu intento mas ainda me escondia. Tinha vergonha de ser eu.

Continuei lendo para fugir. Estudando para ter recursos para fugir. Escrevendo tanto para criar novos mundos e poder fugir.

E para qualquer lugar que eu fugisse, a angústia me acompanhava. Por que ela estava dentro de mim. E essa angústia voltava crescer, após o rápido alívio da fuga. Crescia, crescia até que eu a vomitava e enchia o ‘novo lugar’ com toda minha incompletude e insegurança.

Passei tanto tempo fingindo ser outra pessoa, sem poder ser eu que de alguma forma não sei como ‘ser eu’. Não me identifico com as coisas. Não me sinto em casa. Sinto-me amado e querido por tantas pessoas mas não consigo sentir o mesmo por elas.

Eu ainda sou aquela criança que se sente deslocada em todos lugares. Que se sente deslocada dentro do próprio corpo. Eu cresci mas ainda não pertenço a ninguém e a lugar algum.

Talvez as coisas fossem diferentes se eu não tivesse precisado fugir. Se eu tivesse me orgulhado de minha letra. Pudesse fazer parte do grupo das meninas. Desenvolvesse minhas habilidades de relacionamento desde a adolescência.

Mas essa não é minha história.

E eu tenho que parar de fugir.

Só quando eu parar e olhar para mim mesmo, vou poder me despedir daquela criança ansiosa e com medo de viver.

O que me dói é saber que essa minha tortura é igual a de tantas outras milhares de crianças. Tantas outras que fingem ser algo que não são. E desenvolvem problemas psicológicos que vão carregar para o resto da vida.

Até quando torturaremos nossas crianças para serem aquilo que não são? Quando vamos perceber que nossa felicidade depende, antes de tudo, de sermos o que queremos ( e nascemos) pra ser? Quando vou libertar a criança que um dia eu fui e dizer para ela que não há problema em ser desse jeito… Desse jeitinho. Pode ser uma flor se quiser. E ter a letra mais linda e redonda do mundo.

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