quinta-feira, 9 de março de 2017

Alô! Mãe?

Alô, mãe?
Tô bem. Mas, que saudade de casa!
Liguei pra dizer que aqui tá difícil. O mundo, do lado de fora, não é muito gentil. Bem que você me dizia que mais cedo ou mais tarde eu entenderia muita coisa.
Lembra daqueles convites para ir jantar logo se não a comida esfriava? Faz uma falta danada. Hoje meu jantar foi um pacote de biscoito em temperatura ambiente com água gelada. Diferente, né? Mas, não se preocupa. Não é que não tenha comida. É que hoje foi corrido. Tomei um 2,0 valendo 10,0 na faculdade. Amanhã tem prova de novo. A disposição pra cozinhar tem ido inteira pra tentar entender esse assunto que parece indecifrável. Tenho tido várias dúvidas. Ando com umas dores no estômago, será gastrite? Como é o número daquele gastro mesmo? Como faz pra dobrar camiseta daquele jeito que fica quadrada? E, pra limpar a escrivaninha uso Veja ou álcool?
Quer saber? Deixa pra lá! Tenho mais umas duzentas dúvidas nessa complexidade, mas agora sou adulto. E, acho que adulto serve justamente pra resolver essas coisas sozinho. Se errar, tenta de novo até acertar, né?
Andei chorando uns meses atrás e no outro dia, nem tinha seu café quente de manhã com aquele abraço que dava motivos pra viver um novo dia. Acabei chorando o resto e fui pra rua de olho inchado mesmo. É... eu cresci.
Tô conhecendo uma pessoa linda. Com um sorriso mais ainda. Pessoa educada, estudiosa e “pé no chão” como você pediu. Ele tá me fazendo feliz e tenho certeza que você vai adorar conhecê-lo!
Cortei o cabelo um pouco mais curto esse mês, porque dá pra pentear com a toalha. Otimizar tempo. Sabe como é, né?
É isso, mãe! Dá um beijo em todos.
Ah, sabe aquelas palmadas que você me deu? Descobri que a vida também dá. E bem mais forte. Ainda bem que as suas me fizeram desviar de várias por onde ando.
Tô com saudade de casa! Mas deixa eu aprender a ser adulto.
Aí eu volto!